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Projeto em Paris constrói minicasas para refugiados em quintais
Famílias cedem espaço para imigrantes com status regularizado



O refugiado afegão Sadiq em sua casa de madeira, em Paris - Umberto Bacch/Reuters

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02/03/2018 11:00

PARIS – A casa em miniatura fica no jardim de Charlotte Boulanger e sua parceira, Dominique. Feita de madeira, com cozinha, banheiro e sala, é a primeira de um projeto que visa dar um teto para os refugiados na França.

— Antes de chegar aqui, morava na rua. A casa é pequena e muito tranquila. É muito bom — disse o jovem afegão Sadiq, de 29 anos, vindo da província de Harat e que não quis dar seu nome completo.

As Nações Unidas estimam que 220 mil refugiados vivem na França. Ano passado, o número de pessoas pedindo asilo bateu os 100 mil, levando a reclamações por um maior controle imigratório.



Os centros de recepção ao redor do país têm uma capacidade para 80 mil pessoas, contou Nadege Letellier, que comanda o programa de refugiados da Samu Social de Paris, organização beneficente que faz a ponte entre imigrantes e pessoas abertas a recebê-los.

Uma vez com o status de refugiado, as pessoas têm apenas seis meses para saírem dos centros de recepção e acharem onde morar. Muitos acabam nas ruas, o que aumenta seu isolamento, dificultando a busca por um emprego.

— Se não sabem onde vão dormir à noite, ou onde vão tomar banho, ou comer, ficam preocupados demais para procurar um emprego — explicou Letellier.

Mês passado, o governo francês propôs leis de imigração mais rigorosas, dobrando o tempo em que os imigrantes ilegais podem ficar detidos e diminuindo os prazos para pedirem asilo. A iniciativa rendeu críticas de grupos de direitos humanos.

De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras, mil refugiados e imigrantes estão dormindo nas ruas de Paris, expostos às baixas temperaturas do inverno.

META DE 50 CASAS EM 3 ANOS


Nem todo mundo que está aberto a receber um refugiado tem um quarto sobrando em casa. Além disso, morar com um estranho também pode ser estressante para as duas partes, explicou Romain Minod, 33, arquiteto responsável pela casa de Sadiq.

— Por isso decidimos construir pequenas casas para quintais e jardins — disse Minod, diretor da Quatorze, organização beneficente que usa arquitetura para resolver problemas sociais.


O arquiteto Romain Minod, da ONG Quatorze, diante da minicasa para refugiados em Montreuil, Paris - Umberto Bacchi/Reuters

A construção de 20 metro quadrados, o equivalente a cinco camas king-size, é feita de madeira e suas paredes são isoladas com papelão, para reter o calor.

— Quisemos construir uma casa ecologicamente correta — explicou Minod, lembrando que eles devem ainda instalar painéis solares e chuveiros que reciclem água nos próximos modelos.

O arquiteto espera pagar os custos vendendo as casas para campings e resorts turísticos, depois que já tenham servido aos refugiados por pelo menos dois anos.

A casa de Sadiq é a primeira do projeto "No meu quintal", que pretende construir 50 casas ao longo de três anos para acomodar cem refugiados.

SEGUNDA FAMÍLIA


Dez refugiados ajudaram a construir a primeira casa da Quartorze, que foi transportada para o jardim de Boulanger, no subúrbio de Montreuil, em novembro.

— Não tínhamos espaço para receber alguém em casa. Mas tínhamos no nosso quintal. Todos nós temos a nossa própria autonomia. Foi o que nos atraiu nesse projeto. Estamos conhecendo uns aos outros a cada dia. Estamos nos tornando amigos — explicou Boulanger, de 37 anos.

Seus dois filhos adoraram a casa e costumam brincar com Sadiq. Algumas vezes por semana, todos jantam juntos.


Sem ter onde ficar, refugiados ocupam tendas em Paris - JOEL SAGET / AFP

Durante quatro meses, Sadiq morou nas ruas de Paris. Antes havia passado um ano em um centro de recepção. Depois, morou por alguns meses na casa de uma família. Mas, com medo de atrapalhar seus anfitriões, saía pouco do quarto.

— Eu saía apenas quando eles não estavam. Agora, é mais fácil — explicou o refugiado afegão, que abandonou o seu país após sofrer ameaças do grupo fundamentalista Talibã por ter trabalhado para as tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Hoje, Sadiq está tentando conseguir trabalho em uma loja no centro de Paris.

Colocar os refugiados em casas de famílias os ajuda a aprender a língua e cultura locais mais rapidamente do que nos centros de recepção, explicou Celine Schmitt, porta-voz do Alto Comissariado para Refugiados da ONU.

— É como ter uma segunda família na França. Agora, eles podem ter quem se preocupe com a sua segurança, que quer vê-los seguros em casa à noite — concluiu Letellier.

Fonte: 
oglobo.globo.com

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