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Trump decidiu sozinho conversar com Kim, diz secretário de Estado americano China, responsável por 90% do comércio exterior da Coreia do Norte, pede que os dois países tenham 'coragem política'POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
09/03/2018 8:05 / atualizado 09/03/2018 9:16
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente americano, Donald Trump: primeiro encontro marcado para maio de 2018 - AFP DJIBOUTI/MOSCOU/PEQUIM - O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, disse nesta sexta-feira que Donald Trump foi quem tomou, sozinho, a decisão de realizar conversas com o líder norte-coreano, Kim Jong Un . O convite de Kim a Trump, feito por intermédio de emissários sul-coreanos, provocou surpresa, numa oferta que inclui congelar os testes nucleares e de mísseis do regime norte-coreano que deixaram o mundo temeroso de uma guerra com os americanos. Trump disse na quinta-feira à noite estar disposto a encontrar Kim, no que seria a primeira reunião jamais realizada entre líderes dos dois países.
— Esta é uma decisão que o próprio presidente tomou. Eu falei com ele bem cedo nesta manhã sobre essa decisão e nós tivemos uma conversa muito boa — disse Tillerson a repórteres durante visita ao Djibouti, acrescentando que serão necessárias "algumas semanas" para organizar o encontro. — O presidente Trump tem dito por algum tempo que ele estava aberto ao diálogo e que estaria disposto a encontrar com Kim quando as condições fossem propícias — acrescentou. A abertura demonstrada pelo líder note-coreano Kim Jong-un e sua vontade de discutir seu programa nuclear surpreenderam "um pouco" os Estados Unidos e levaram o presidente Donald Trump a aceitar um encontro, admitiu Tillerson: — O que mudou foi sua posição, e de uma forma bastante espetacular. E, muito francamente, foi um pouco surpresa para nós que se tenha mostrado tão aberto — indicou o secretário. — Acredito que seja o informe mais positivo que já recebemos não apenas sobre a vontade de Kim Jong-un, mas sobre seu desejo real de dialogar.
'DIREÇÃO CERTA'
Diante da iniciativa dos líderes de Coreia do Norte e Estados Unidos de se encontrarem em maio , ainda sem local e data exata marcada, a reação pública de países envolvidos na disputa na Península Coreana foi positiva. Aliados tanto da Coreia do Norte como da Coreia do Sul na Península Coreana se manifestaram positivamente sobre o anúncio do encontro, incluindo Rússia e China, principais sócios comerciais do regime de Kim Jong-un. O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou que a decisão é "um passo na direção correta": — Não deve ser apenas um encontro, deve abrir um caminho para retomar um processo diplomático de pleno direito para encontrar uma solução à questão nuclear da Coreia do Norte com base nos princípios acordados durante o Diálogo a Seis e o Conselho de Segurança da ONU — sustentou Lavrov, em referência à série de encontros entre Coreia do Norte, EUA, Rússia, Japão, Coreia do Sul e China entre 2003 e 2005 para lidar com a ameaça nuclear norte-coreana. A China fez um apelo à "coragem política" de Estados Unidos e Coreia do Norte após o anúncio da reunião entre Trump e Kim. O governo chinês, responsável por 90% do comércio exterior da Coreia do Norte, expressou alívio com a recente aproximação nas relações intercoreanas, depois das ameaças de guerra em sua fronteira proferidas por Pyongyang e Washington. — Esperamos que todas as partes demonstrem coragem política para tomar as boas decisões — afirmou o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang. — Celebramos o sinal positivo que constitui este diálogo direto entre Estados Unidos e Coreia do Norte. A questão nuclear na península coreana avança na direção correta. Ao ser questionado se a China tinha a intenção de oferecer o país como sede da reunião Trump-Kim, o porta-voz da diplomacia chinesa se limitou a responder que o país tem um papel "indispensável" para reduzir a tensão. O convite de Kim Jong-un a Trump veio durante visita à Casa Branca do chefe do Gabinete de Segurança Nacional da Coreia do Sul, Chung Eui-Yong, e do chefe do Serviço de Inteligência Nacional, Su Hoon. Os dois também lideraram a delegação que esteve no último fim de semana em Pyongyang, para um encontro do Kim. Depois do encontro, os sul-coreanos anunciaram uma cúpula em abril entre Kim e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que foi eleito no ano passado com a promessa de promover o degelo nas relações com a Coreia do Norte, congeladas desde 2009. Também anunciaram que Pyongyang estaria disposto a encerrar seu programa nuclear militar, caso tenha garantias de que não será atacada nem que haverá operações de mudança de regime. O Japão, vizinho da Península Coreana que já foi alvo de ameaças norte-coreanas e se localiza dentro do alcance de mísseis do Pyongyang, também se manifestou. O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, também celebrou o anúncio do futuro encontro . — Eu aprecio enormemente a mudança da Coreia do Norte para começar as conversas sobre a premissa de uma desnuclearização — disse Abe, que planeja viajar aos EUA para conversar com Trump em abril. — Ele expressou sua intenção de encontrar o presidente Trump o mais breve possível — disse num breve pronunciamento na Casa Branca o chefe do Gabinete de Segurança Nacional da Coreia do Sul, Chung Eui-yong. — O presidente Trump apreciou o cumprimento e disse que encontraria Kim Jong-un em maio para alcançar uma desnuclearização permanente.
Fonte: oglobo.globo.com
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