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Material escolar: escadas como função e escultórico

A escada é um elemento construtivo com papel importante na arquitetura, tornando toda a sua história de evolução funcional e decorativa um dos grandes incentivos na criação de projetos arquitetônicos. Ainda na Antiguidade, sua função era de deslocamento vertical, construída com materiais que limitavam sua construção, como pedra e madeira. Ao longo dos anos, juntamente com a evolução de técnicas e com o avanço das tecnologias da construção, as escadas passaram a integrar-se como elemento de grande valorização no interior e no exterior das edificações.
Com base em uma revisão bibliográfica de estudo aprofundada e em levantamento de informações, o artigo visa relacionar as vantagens de aproveitamento espacial das escadas e sua adversidade multifuncional.
Como modo de melhoria da mobilidade e acessibilidade dentro dos imóveis, escadas e rampas têm tido um valor significativo em um contexto em que a verticalização da cidade e o modo de viver das pessoas acabam alterando a configuração do espaço urbano, com edificações cada vez menores. O objetivo principal deste artigo é analisar as escadas como função e seu valor escultórico, utilizando como parâmetro o cálculo de base orçamentária de uma escada de formato em “U”, com dois tipos de materiais, permitindo a abordagem da valorização real empregada a esse elemento espacial arquitetônico.
INTRODUÇÃO
A escada é um dos elementos construtivos mais relevantes da história da arquitetura, apesar de ser considerado impossível estabelecer com precisão o início de sua utilização. Além desse fato, esses objetos têm sido modificados através dos tempos ao longo da aquitetura.
Segundo Jirinca (2001), as escadas refletem a filosofia vigente, as linguagens simbólicas e o talento de seus criadores, e correspondem ao modelo de cada sociedade para a qual foram construídas, podendo assim informar-nos sobre a condição de arte e tecnologias atuais. Segundo o dicionário, escada é um elemento de ligação entre dois níveis distintos. Já para
Hansmann (1993), escada é um elemento tridimensional de comunicação na vertical, constituída por um segmento de planos na horizontal em altitudes diferentes.
Cabe ainda ressaltar a importância das escadas em épocas antigas, com ênfase para a sua função, em vez de sua beleza e plasticidade. Essa função era rigorosamente restringida devido à disponibilidade de materiais na época, como pedra e madeira. Esses materiais, por sua vez, eram caracterizados porlimitarem a forma livre da escada, embora se possa, apesar disso, encontrar exemplos do passado que incluem esplendor original. Contudo, no modernismo, segundo a opinião de Hansmann (1993), as escadas são evidenciadas por sua grandiosidade formal e ornamental, utilizando-se dos novos materiais, como aço reforçado, que adquiriu uma grande influência sobre as construções de escadas.
Contudo, a escada continua a ser um elemento-chave nos edifícios e na representação de diversas formas arquitetônicas, simbólicas e funcionais, demonstrando sua grande capacidade de modificação e sua relevância nas criações espaciais e formais que causará incentivos para novas reinterpretações (Slessor, 1993).
É necessário ainda destacar que a função deste artigo é tratar não apenas da relevância de uma revisão histórica sobre escadas, mas também a voltar à visão do passado para apontar algumas referências históricas que enfatizam a criatividade e as variedades existentes dentro da temática proposta.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA – HISTÓRIA DA ESCADA
A escada é umas das primeiras construções do homem. O uso da escada vem desde a pré-história e não se tem com precisão sua origem. Esse elemento estrutural foi utilizado primeiramente para satisfazer uma finalidade específica, mas com o passar do tempo ele recebeu índole sagrada. A escadaria auxiliou emblematicamente para o divino, pois a altura representava a ligação entre o céu e a terra. Nesse encadeamento há a hipótese da Torre de Babel, que foi uma escadaria helicoidal. Outro exemplo que pertence à essa categoria são as pirâmides do Egito, e todas as etapas que simbolizam a subida, o cansaço e os perigos para alcançar o sol, a luz e aos deuses. (Hansmann,1993).
Os gregos e os romanos utilizavam escalonados para os seus edifícios. Porém, os gregos concebiam templos para permitir acesso ao público, diferente dos romanos, que, apesar de seu excepcional talento para a engenharia civil, não contribuíram muito para a evolução das escadas. As escadas retas prevaleceram até a Idade Média, já o aparecimento da escada helicoidal ou em espiral sucedeu-se quando surgiram as corporações de ofício na Idade Média. A escada em espiral, construída principalmente com pedras e de geometria mais complexa, tem como principal vantagem ocupar menos espaço, em relação à seção reta. Além disso, ficava enclausurada entre paredes íngremes escuras e não era acolhedora, mas útil para fins de defesa nas fortalezas, pois as circulações davam vantagens aos defensores, porque era escada para medidas militares (Slessor, 1993).
Durante o Renascimento, especificamente na época do Iluminismo, no período em que os homens começaram a se libertar de repreensões religiosas e feudais, essa evolução ocorre também na concepção das escadas, surgindo assim as mais espaçosas e convidativas. Influenciando na composição das fachadas, a escadaria mudou-se para frente, para representar o Estado da política aristocrática, palácios e igrejas aplicado como traço de autoridade e poder sobre as pessoas. Já no Barroco, a escadaria mudou-se para dentro do prédio, como designer de interiores, característica da burguesia, que construiu grandes e complicadas escadas, representando a reputação social dos habitantes de um edifício, pois foram criados o sótão e a patente para ganhar terreno (Hansmann, 1993).
TIPOLOGIAS DE ESCADAS
Além da escada interligar um nível a outro, começou a desempenhar função estética na decoração dos ambientes em que está inserida. Antecedentemente era visualizada apenas a sua parte funcional de ligação, e não era vista como item de decoração. Na atualidade as escadas possuem variadas formas, devido a combinações de múltiplos materiais, criando uma coesão para cada ambiente em que estão inseridas (Blog de Construção, 2016).
Antes de nos referir aos tipos de escada empregada na construção, elucidaremos as fundamentais partes de uma escada. Os degraus são constituídos de pisos e espelhos; os pisos são pequenos planos horizontais que constituem a escada; os espelhos são planos verticais que unem os pisos; os patamares são pisos de maior largura que sucedem os pisos normais da escada, geralmente ao meio do desnível do pé-direito, com o objetivo de facilitar a subida e o repouso temporário do usuário da escada; os lances são uma sucessão de degraus entre planos a vencer, entre um plano e um patamar, entre um patamar e um plano e entre dois patamares; guarda-corpo e corrimão são proteções de alvenaria, grades, cabos de aço entre outros, na extremidade lateral dos degraus para a proteção das pessoas que utilizam a escada (Club do Concreto, 2013).
Segundo Forte e Ferraz, há vários tipos de escada, de formas variadas. Cada formato segue um princípio espacial da construção em que é inserida, posto que ocupa mais ou menos espaço em planta baixa. Desse modo, analisaremos os mais convencionais formatos.
ESCADA EM “U”
O nome desse modelo é um atributo do formato da escada representado em planta baixa. É um modelo que parte em linha reta e muda de direção quando chega ao patamar – vai para a direção oposta. Na imagem acima, escada em “U” com a parte inferior fechada e superior plissada de concreto aparente. O projeto é de Vilanova Artigas e fica na Casa Baeta,
em São Paulo (SP).
ESCADA EM “L”
Vista em planta baixa forma-se um “L”, é caracterizada por possuir dois níveis retos, que se encontram em um ângulo de 90º, podendo se unir através de um patamar. Referindo traços escultóricos em escada para a cobertura em Recife, PE, as arquitetas Marcia Nejaim e Suzana Azevedo, da Nejaim Azevedo Arquitetos Associados, foram além. Conceberam uma peça escultórica em que degraus de dois tamanhos ficam sobrepostos uns aos outros (imagem acima).
ESCADA EM LINHA RETA
O nome desse modelo se refere a uma escada que possui direção única, em apenas um lance, mas pode existir um patamar intermediário para descanso. Na imagem acima, um exemplo de escada de acesso em um só lance criada por Eduardo de Almeida para uma casa em São Paulo (SP).


ESCADA CURVA OU CIRCULAR
Recebe este nome porque possui uma curva suave, mas não um eixo central. Na imagem acima, um exemplo de escada curva de concreto moldado in loco, projetada pelo arquiteto Lúcio Costa para o Parque Guinle, no Rio de Janeiro (RJ).


ESCADA CARACOL OU HELICOIDAL
É uma escada que possui um eixo central e ao redor estão os degraus distribuídos como raios de um círculo. O diferencial da escada em caracol, ou helicoidal, é que ocupa espaços menores. Já a desvantagem é que não é muito confortável. Na imagem acima, um belo exemplo de escada helicoidal – inteira de madeira, é de Lina Bo Bardi e está no Solar do União, em Salvador (BA).
A ESCADA E O MODERNISMO
A intenção de recusar a decoração e o glamour é a nova filosofia de uma arquitetura renovada, em superficial é o movimento do funcionalismo. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, com esperança de uma paz imperecível, com potencial de todas as tecnologias inventadas, tornou-se possível realizar sonhos mais ousados. Com o surgimento do concreto armado, as técnicas aplicadas no concreto, aço e vidro concederam novas viabilidades para projetar casas cheias de ar fresco, permitindo a entrada de luz – esse é objetivo que permanece até os dias de hoje, podendo destacar-se a Villa Savoye (1929-31), de Le Corbusier, o maior arquiteto da arquitetura moderna, conhecido por sua perfeição sofisticada de sua escala e proporções, e o valor dos elementos curvos e retilíneos traduzidos na escada central. Essa obra se tornou referência na percepção da arquitetura moderna. Juntamente com a mentalidade particular de Le Corbusier, foi combinada a interação de artistas, poetas, escritores, filósofos, cientistas, escritores e engenheiros. Um exemplo de visionário de escadarias no Brasil é Oscar Niemeyer, que desenvolveu uma das silhuetas mais famosas do pós-guerra: a escadaria do Palácio Itamaraty (imagem abaixo), em Brasília (1958), (Jiricna,2001).
Os arquitetos modernos consideram as escadas um forte elemento de composição, destinado a liberar espaços internos ou para articular o exterior de uma edificação. Os arquitetos contemporâneos valorizam as escadas na sua forma e estrutura em papel mais amplo na articulação espacial. Assim como uma escada pode ter função de fuga de incêndio, ela pode se tornar poesia visual, criando uma composição rítmica do edifício (Slessor, 2000).
Foi-se a época em que as escadas eram apenas construções padrões. Escadas contemporâneas destacam-se por diversos aspectos, dentre eles a abundância de suas formas, de contextos monumentais, e contextos domésticos. A escada apresenta sua grande adaptabilidade e importância para a criação de relações espaciais e formais. A escadaria mudou muito suas influências culturais e estéticas e requintes empíricos ou teóricos. Isso resultou em variedades impressionantes, com o uso inventivo de materiais e os avanços da engenharia e clientes cada vez mais exigentes. Cabe aos arquitetos utilizar a imaginação para criar escadas sedutoras e surpreendentes (Slessor, 2000).
A urbanização mundial se expande e se estabelece no século 19, especialmente. A concentração populacional nos grandes centros acentua-se com os processos de internacionalização da economia e o aumento da competitividade, resultando em um novo quadro de relações, em que as cidades médias passaram a desempenhar novos papéis no contexto mundial. Segundo Silveira (2002), as cidades médias parecem consagradas a desenvolver uma alta e competitiva especialização funcional. O crescimento das cidades traz a verticalidade das construções, formada por edificações, pois os espaços urbanos estão cada vez menores, e isso provoca a total dependência do transporte vertical não mecanizado, que implica o uso de escadas e rampas, e do sistema mecanizado, que seria os elevadores.
As rampas são uma alternativa às escadas quando se quer vencer um desnível e simultaneamente assegurar o acesso de quem tem dificuldades de locomoção, proporcionando assim acessibilidade para todos, que está prevista na ABNT NBR 9050: 2004, norma que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, relativos às condições de acessibilidade.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
Para a realização deste artigo foi elaborada uma pesquisa baseada em dados sobre escadas, que são mais que elementos construtivos de comunicação com questões funcionais e técnicos, podendo determinar a imagem de um edifício. Foi-se a época em que a escada era uma construção padrão. Atualmente existe uma intenção estrutural por meio da cumplicidade dos variados materiais como aço e vidro simultaneamente com o refinamento estrutural. Os arquitetos que exploram os potenciais desses materiais e dos sistemas estruturais transformam escadas contemporâneas em numerosas obras brilhantes e escultóricas, para enriquecer espaços com forma, leveza e beleza.
De acordo com Hansmann (1993), as escadas podem fazer perceber a tridimensionalidade de um espaço quando são introduzidas adequadamente na arquitetura como elemento configurador de fachada, elemento de ligação e como objeto artístico.
Para entendimento e compreensão orçamentária de escada, utilizamos como parâmetro uma base orçamentária em algumas lojas especializadas em sua produção na cidade de Cascavel, no estado do Paraná. Trataremos de um exemplar de uma escada predeterminada (figura abaixo) em formato de “U”, pré-fabricada de concreto armado, com vãos paralelos, armada em uma só direção. Composta de 25 degraus com medidas de 1,35 m de largura, com pisos de 0,28 m de largura, o espelho com altura de 0,175 m e o patamar com medidas de 1,35 m de largura por 1,30 m de profundidade. A altura de laje a laje da edificação tem a medida de 4,05 m. A escada referida totaliza um volume de 3,574 m³ de concreto. O orçamento feito para sua construção, de acordo com a loja 1, ficou em R$ 8.820,20. Para o revestimento dos degraus, espelhos e patamar, foi utilizado o granito Branco Dallas, em uma área calculada de 18,41 m², resultando no valor de R$ 3.682,00, na loja 2. O orçamento para construção e revestimento total da escada ficou em R$ 11.902,20.
O granito é um material muito utilizado como revestimento de escadas por ser uma pedra bastante resistente, pouco suscetível a manchas e com custo menor. Ele é formado por três minerais: mica, feldspato e quartzo. Sua aparência é caracterizada por micropontos pretos, e sua produção é de grande escala no Brasil (Eleoterio, Graziela, 2016).
Foi feito orçamento na loja 3 com a mesma escada em “U”, mas utilizando o metal como suporte de estrutura metálica nas laterais. Utilizando-se do mesmo revestimento, o granito, mas apenas no piso, com uma área de 16,31 m². O orçamento para a confecção dessa escada metálica sairia no valor de R$ 6.552,15.
ESCADAS METÁLICAS
As escadas metálicas apresentam vantagens como ser mais resistentes em relação às feitas de outros materiais. Em contrapartida, são sensíveis a agentes atmosféricos, como a água. Perdem ponto em quesito de conforto visual, mas usam ótimos materiais com facilidade de moldagem.
As escadas metálicas que se destacam são as de traços retilíneos e a caracol. A grande vantagem das escadas de metal é que são feitas em fábricas e todo seus componentes podem ser do mesmo material (prumo, degraus, guarda-corpo e corrimão) (Brito, 1999).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos estudos e análises feitos a partir do tema, é possível concluir que a escada, devido à sua importância desde a Antiguidade e aos aspectos que representa, sempre promoveu status para os locais em que era inserida, com o princípio de ressaltar a importância que a construção significava na sociedade, por meio da grandiosidade na dimensão das escadarias.
Consequentemente, como significado para a arquitetura é necessário promover a criação de relações espaciais de acordo com o seu formato visual, conceituado como elemento ideal para o ambiente ou local em que está estabelecida.
As escadas são elementos de imensa adaptabilidade, pois são reinterpretadas por todos os movimentos arquitetônicos existentes. Sua função, apesar dos anos, continua a mesma: vencer os níveis, adotando diversas e numerosas aparências. Em contrapartida, não se deve avaliar tão somente os custos para a sua execução, considerando que eles dependem da tipologia e do revestimento que vão se comunicar melhor com o ambiente ao qual se inserem, valorizando o projeto arquitetônico.
Pode-se concluir, portanto, que para a construção de uma escada é necessário, entre outros fatores, que o profissional siga integralmente as normas e diretrizes que estabelecem sua criação, bem como compreenda sua relevância do ponto de vista arquitetônico, considerando materiais e técnicas criativas que possam influenciar cada vez mais a importância escultórica que a escada possui atualmente.
UOL. Acesso 12 nov. 2016.
SILVEIRA, M. L. Globalização, Trabalho, Cidades Médias. Geo UERJ. Revista do Departamento de Geografia, UERJ, RJ,n.11,p.11-17,1º semestre (2002).
GRAZIELA ELEOTERIO. Acesso em: 14 Nov. 2016.
CRÉDITO DAS IMAGENS
Figura 1 – http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/escadas_album.htm. Acesso: 15/11/2016
Figura 6 – Flickr.com <https://www.flickr.com/photos/mrebrasil/5793982512>Acesso 15/11/2016
Figura 7 – Elaborada pelas autoras
Por
KAROLINE ROCHA DE JESUS, acadêmica do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Paranaense
MAYARA MAGALHÃES MILANI, acadêmica do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Paranaense
Fonte: au.oini.com.br

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